I
Vens até aqui,
e chegando te anuncias,
com tão leve rumor
que meu repouso;
não perturbas,
e é um canto milagroso,
cada uma das frases
que pronuncias...
II
E quando vens para mim,
nunca vacilas,
e ao nos olharmos,
a atração é tão forte;
que a tudo esquecemos,
a vida e a morte,
suspensas as duas
na luz de tuas pupilas...
III
E em minha vida
penetras como faz o vento
que penetra as frestas,
alma e pensamento...
Ao ser possuida por
tua beleza e tua calma,
IV
interrogo então
ao mistério de meu padecer;
se somos dois reflexos
de um mesmo ser,
a dupla encarnação
de uma mesma alma...
Maria Antonieta R. de Mattos.