O desejo acaba comigo Sofro de doença crónica Apesar de tudo não e perigo Tu és a minha filarmónica Quando tocas a tua música Curas-me da alergia És a minha paprika Enches-me de alegria Sou teu prisioneiro Não tenho algemas no corpo Faz um sinal e serei o primeiro Deixarei de andar morto Ricardo Franco

Este é o dia em que tudo mudou Um desporto que eu adorava de repente perdeu todo o significado para mim É como um bêbado inveterado que de repente passa a beber água Tu que arrastavas multidões Tu que eras um símbolo de uma nação - a tua pátria Tinhas também em nós portugueses, muitos fans Eu era um deles Nunca falei pessoalmente contigo Nunca te me encontrei contigo No entanto era como se te conhecesse desde pequeno A tua personalidade, a tua habilidade nata para conduzir Que era ainda maior nos dias de chuva Que saudades eu tenho Da tua maravilhosa primeira volta no grande prémio da Europa Em que no final da mesma já ias em primeiro Da tua primeira vitória em grandes prémios Aqui bem perto de mim, no Estoril Hoje dia 1 de Maio, faz anos que partiste Se calhar foste correr para outro lado Tenho saudades de te ver correr Hoje já não acompanho a fórmula um Perdi o interese Não sei quem pertence a esta ou aquela equipa Nada É com uma lágrima no canto do olho Pronta para escorrer pela face Que escrevo este poema com muita saudade Uma singela homenagem de um entre muitos admiradores És um artista na tua modalidade que nunca mais haverá igual Até sempre Senna. Grande abraço de saudade Ricardo Franco

De mãos dadas entramos no mar

O calor, as gaivotas

A espuma das ondas

Na escola, a professora a escrever no quadro

A minha primeira viagem de carro

Quando fui saber se tinha entrado para a Faculdade

As memórias vão passando pela minha cabeça

Como um filme a ser lido num leitor de DVD ou vídeo

É engraçado que é nas alturas de maior aflição

Que decidimos fazer u mrewind à nossa vida

É o meu caso

Vejo batas. Batas brancas.

Uma enfermeira e dois médicos

Falam mas não os entendo

Também não sinto nada

Será que ainda estou vivo?

Os olhos fecham-se

Estou cansado

Parto feliz

 

Ricardo Franco